Nos últimos anos, os carros elétricos surgiram como promessa de futuro sustentável e tecnológico. Mas uma pergunta vem se tornando comum: Será que o carro elétrico está “flopando” no Brasil?
Apesar de números crescentes, há sinais de que a adoção está longe do que se esperava — e os motivos vão além da falta de carregadores.
Em 2023, o Brasil ultrapassou a marca de 400 mil veículos eletrificados — incluindo híbridos, híbridos plug-in e elétricos puros.
As vendas aumentaram mais de 90% em relação ao ano anterior, segundo a ABVE.
Porém, um detalhe salta aos olhos: quase 90% das vendas são de veículos híbridos, e não 100% elétricos.
📌 InfoMoney – Vendas crescem, mas infraestrutura ainda preocupa
Modelos 100% elétricos ainda custam muito acima da realidade do brasileiro médio.
São raros os modelos abaixo de R$ 150 mil — e os mais acessíveis costumam ser compactos, com baixa autonomia e pouca atratividade frente aos concorrentes a combustão.
Embora o número de eletropostos esteja aumentando (14 mil em 2025), 84% são do tipo lento, e a maior parte está concentrada no Sudeste.
Fora dos grandes centros, a recarga vira um problema real — e a autonomia, uma ansiedade constante.
📌 InsideEVs – Brasil tem mais carregadores, mas maioria é lenta
Esse é um dos pontos mais críticos e menos discutidos: a bomba-relógio chamada bateria.
Resultado? Revender um carro elétrico usado de 5 ou 6 anos se torna quase impossível.
É como um casamento eterno com um bem que, ao invés de valorizar, perde mercado com cada carga.
Mesmo com promessas de que o preço da bateria vai cair, a incerteza é um balde de água fria para qualquer consumidor consciente.
Em 2024, o governo retomou a tributação sobre importação de elétricos — mesmo com cotas isentas.
A medida aumentou os preços e acendeu o alerta em montadoras e consumidores sobre a falta de previsibilidade para o setor.
📌 Poder360 – Reoneração impacta mercado de elétricos
O carro elétrico no Brasil ainda não flopou, mas está longe de ser uma febre popular.
Há um nicho entusiasmado, com poder aquisitivo e mentalidade ecológica — mas a massa crítica, que decide o sucesso de qualquer tecnologia, ainda está de fora.
Os motivos?
Para muitos, o carro elétrico ainda soa mais como um produto de marketing verde do que uma solução prática para o dia a dia brasileiro.
Sim. O mercado global continua crescendo, novas tecnologias podem baratear componentes, e a infraestrutura tende a melhorar.
Mas enquanto isso não acontece, o consumidor médio — consciente e com o pé no chão — faz bem em pensar duas vezes antes de entrar nesse casamento.